sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Fim de Ano para Antigas Tradições

Nesse texto vou me afunilar a algumas das tradições de Magia Antiga que conheço, falaremos um pouco sobre calendários, rituais, crenças e festividades  regionais de cada tradição na perspectiva do ano novo e ao longo do texto citarei procedimentos rituais tradicionais para favorecer um bom novo ano.

Muitos afirmam que entre os Celtas era unanimidade o ano acabar na última colheita, ou seja, no festival de Samhain.  Mas nem para todas as tribos celtas  era assim, para algumas o Samhain era o prelúdio do fim do ano que estava para acabar dentro de
algumas luas (duas ou três). O calendário tradicional céltico é lunar e até mesmo seus festivais sazonais são tradicionalmente organizados de acordo com o fluxo lunar, sendo assim o ano terminava na última colheita para algumas tribos e para outras na última lua do ciclo. Para os Celtas de forma unânime o que caracterizava o fim do ano na natureza era o rigoroso inverno que hoje ocorre em dezembro na Europa. O inverno tradicionalmente também é descrito nas crenças Celtas, especialmente nas irlandesas, como um período em que a passagem do Outro Mundo para o nosso mundo fica aberta especialmente nessa estação espíritos malfazejos se aproveitam da oportunidade e varrem a terra com o frio e a fome (não é por acaso que na Europa a época da última colheita é o prelúdio do inverno). Na tradição irlandesa uma chama é acesa no Festival da última colheita (Samhain) para permanecer acesa até o festival do plantio (Imbolg) representando o verão ainda vivo e positivo dentro das casas.
Na tradição italiana a lua também é importante, mas com a influência da tradição Romana as datas dos festivais anuais se adequaram ao calendário solar. Por exemplo, o primeiro dia do ano é tradicionalmente dedicado a Janus (Dianus Lucifero ou Ianus), sendo assim, esse dia passou a ser 01 de Janeiro e por isso o nome do referido mês é JANEiro. Entre as streghe e entre os romanos ofertas campesinas são vertidas a este deo para que o novo ano seja próspero.


Semelhante aos celtas, para os povos escandinavos o ano terminava no inverno, e como se trata de um aglomerado de regiões fortemente conduzidas pelas estações a importância das mesmas para os calendários era primordial juntamente com o fluxo lunar. Jól (nome dado ao festival de fim de ano na Islândia) culturalmente virou sinônimo de inverno, mas significa "nascimento" e tradicionalmente ocorre literalmente no inverno independente da região. Os islandeses celebram esse festival por 13 dias e honram seus principais deuses: Odhinn, Thorr e Freyr. Ter a mesa farta e a família reunida em harmonia agrada os deuses e atrai para a família essa harmonia e prosperidade ao longo do novo ano, cerveja de trigo é tradicionalmente vertida na terra para Odhinn (vitória), Thorr (proteção) e Freyr (prosperidade).


Para gregos e egípcios a história é outra, enquanto o ano termina em Atenas em uma época termina em Esparta em outra época diferente. Épocas essas totalmente distantes do nosso 31/01, contudo, na tradição ateniense uma vela é acesa para a deusa Héstia e a
Khernips (sua água pura) deve molhar toda a casa e pessoas purificando-as do velho ano e azeite é vertido para Héstia e incensos de flores perfumadas a ela ofertados (...), uma vela também pode ser acesa para Hékate para que os caminhos se abram. Para os egípcios o ano termina e começa guiado pelo posicionamento da estrela de Sírius, a casa é defumada com mirra para afastar as coisas ruins do velho ano.



Um Feliz Ano Novo!
Feliz 2017!

- Roberto de Souza
Magister

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Bruxaria Tradicional em Pernambuco

Quando se fala em Bruxaria ainda nos dias de hoje muitos idealizam algo maléfico e outros muitos idealizam o Wicca. Nos últimos tempos a bruxaria tradicional se tornou mais popular provavelmente em razão da busca de muitos pela ancestralidade e costumes antigos. Acredito que tenha ficado claro para muitos que o Wicca não é antiga religião até porque existem antigas religiões, sendo o Wicca baseado e inspirado no ideal do que seriam essas religiões. A bruxaria tradicional trouxe esse olhar consigo e colocou também a própria bruxaria em outra posição, uma vez que alguns bruxos a consideram um ofício religioso, mas não um sacerdócio.

A bruxaria tradicional sempre foi mais forte no sul do país com a tradição ibero-céltica, contudo, em 2013 resolvi investir na pesquisa e reconstrução de tradições Mágicas Antigas em Recife. Dessa iniciativa nasceu o primeiro grupo tradicionalista liderado por mim chamado "Ordem Tradicionalista de Bruxaria Pentacular - OTBP"  que nasceu em agosto de 2014 e findou-se em fevereiro de 2016 quando optei por investir mais afuniladamente em um grupo de estudos sobre bruxaria islandesa que nasceu em março de 2016 e findou-se em agosto do mesmo ano. Atualmente estou a frente do Clã Trinovantes que, firmado em heranças arcaicas dos celtas primitivos, é voltado para a Tradição Britânica Continental e pratica outras quatro tradições (grega ateniense, italiana Ianarra, heka do Egito e Galdra da Islândia) de forma complementar (a modo feiticeiro), o direcionamento devocional do ofício se dá apenas pelo viés britânico. Inclusive, vale salientar, eu sempre estudei e pratiquei a devoção e a feitiçaria voltadas para a cultura céltica, foi por onde comecei na magia aos 13 anos de idade e por onde me estendo e permaneço até hoje na Bruxaria Tradicional.


Minhas pesquisas de reconstrução em Bruxaria tradicional com base em autores como Gemma Gary, Robin Artisson, Alexandra Nikayos, Edred Thorsson, Mirian Black, Ricardo Vieira e outros (...) renderam a criação das páginas: @bruxariatradicionalpernambuco e @clatrino no Facebook, a consequência da difusão da bruxaria tradicional na cidade do Recife e no estado de Pernambuco através das páginas foi a criação de um encontro para falar do assunto, em junho de 2016 coloquei em ação o "Encontro de Politeísmo e Bruxaria Tradicional de Pernambuco - EPBT" que só teve três edições em 2016, mas que com certeza voltará em 2017 (pois acredito que não estarei mais sozinho no projeto).


Sou pioneiro na difusão, divulgação e formação de um clã e grupos de estudo sobre bruxaria tradicional na cidade do Recife e, até onde se sabe, no estado de Pernambuco. Embora haja muito para aprender e eu muito pouco tenha ensinado, da antiga Ordem Pentacular e do grupo de estudos sobre bruxaria islandesa surgiram outros grupos dos quais não faço parte (e se consideram bruxaria tradicional) presentes em Pernambuco formados por exs aprendizes.

- Roberto de Souza
E-mail: roberto279@hotmail.com
Contato (Whats/FoneOi): 081 9 86811039